A
FESTA ACABOU... E AGORA?
Olá amigos, com muita saudade de vocês e dos velhos tempos que parecem que não voltarão mais, volto a escrever um pouquinho para falar da boa ilusão do carnaval, que passou. Eu aproveitei para pegar uma praia, um filme especial e ver pela TV, com muito prazer, o retorno dos 'blocos de rua', o
verdadeiro símbolo do carnaval. Achei linda a explosão de alegria popular de norte a sul. A folia espalhou-se por todo o país. É interessante observar
que, nos momentos de maior crise, seja no campo político-econômico-social, o
povo manifesta a sua emoção de maneira mais intensa, seja se fantasiando ou cantando ‘a pleno pulmão’ seu desejo de ver um mundo mais feliz e a sua
alegria de viver. Graças a Deus tivemos um carnaval bem tranquilo.
Em Salvador, devido à crise econômica, a frequência da ‘Turma da pipoca’ aumentou muito. - A turma da Pipoca é constituída pelas pessoas que não conseguem comprar um Kit Abadá pagando alto preço para brincar junto com seus astros prediletos. Alegres, eles acompanham o desfile dos Trios Elétricos, no circuito Barra-Ondina, pelas calçadas
estreitas ou pela areia da praia. Refrescavam-se, entre um trio e outro, com um
gostoso mergulho nas águas quentinhas do mar da Bahia.
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Banda de Ipanema |
A festa não foi diferente no
Rio de Janeiro onde as ‘Bandas de Ipanema’ na zona sul da cidade e a ‘Banda do Bola Preta’, no centro, deram o tom da
alegria. Blocos tradicionalíssimos, como o “Sovaco de Cristo”, “Amizade é quase
Amor”, arrastaram milhares de pessoas brincando sob uma sensação térmica de quase 50ºc... Ufa!
Em São Paulo, os blocos de rua ganharam força este ano e foi um espetáculo a parte. Em Minas, (em Ouro Preto, Diamantina, Betim e Belo Horizonte) os blocos fizeram grande sucesso.
Em São Paulo, os blocos de rua ganharam força este ano e foi um espetáculo a parte. Em Minas, (em Ouro Preto, Diamantina, Betim e Belo Horizonte) os blocos fizeram grande sucesso.
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GALO DA MADRUGADA |
Em Pernambuco,
no Recife Antigo o Galo da Madrugada, no sábado, abriu o Carnaval 2016 com sua alegria peculiar. Nas históricas
ladeiras de Olinda, milhares de pessoas desfilaram espremidas pelas ladeiras estreitas e com calçamento centenário, dançando o frevo, tradição do lindo Estado de Pernambuco.
Em Brasília, a folia ganhou novo fôlego com o desfile dos blocos Galinho de Brasília, Raparigueiros e Pacotão, sempre animados. Para as crianças, o Bloco Baratinha desfilou no Parque da Cidade. Um carnaval familiar e tranquilo.
Em Brasília, a folia ganhou novo fôlego com o desfile dos blocos Galinho de Brasília, Raparigueiros e Pacotão, sempre animados. Para as crianças, o Bloco Baratinha desfilou no Parque da Cidade. Um carnaval familiar e tranquilo.
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Praia do Campeche |
Em Florianópolis, o carnaval
passou longe. As praias do Campeche - Jurerê - Canasvieiras - Daniela - estavam cheias e tiveram seus blocos de animação, tudo muito simples, mas bem animado. Grande parte da alegria vinha dos irmãos
argentinos que neste período passam as férias por aqui, curtindo o sol e o
câmbio favorável. Voltem sempre! - diziam os comerciantes e hoteleiros.
Na realidade, parece que o Brasil, cantou extravasando sua alegria e esperança num ano que promete assustar o valente povo brasileiro. Ainda bem que a farra política também vai passar.
Os bumbos, repiniques, agogôs e tamborins pararão de ecoar. As escolas de samba e os blocos pararão de desfilar. A vida voltará ao normal.
Uma coisa eu tenho certeza: a Justiça Brasileira, não vai parar. Continuará atuante, investigando,
julgando e punindo os malfeitores que enganam o povo há mais de uma década com ‘bravatas
e negociatas imorais’ de toda ordem, que acabou impondo a todos uma carga tributária covarde, nunca vista antes na história desse país.
É, gente! A festa acabou...
E agora?
O carnaval é um momento muito bom para espantar as mágoas e desejar pra todos vocês um 'Feliz Ano Novo"... 2016 começa agora!
Nós acreditamos na Justiça e sabemos que tudo passará! Hoje a
realidade dos dias comuns voltou para todos nós, que assim seja. Enquanto isso,
lembramos o poeta Carlos Drummond de Andrade e sua poesia: José, que parece cada vez mais atual.
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu,
a noite esfriou. E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome, que zomba dos outros,
você que faz versos, que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho,
já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode,
a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio,
o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou.
E tudo fugiu... E tudo mofou.
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu,
a noite esfriou. E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome, que zomba dos outros,
você que faz versos, que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho,
já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode,
a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio,
o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou.
E tudo fugiu... E tudo mofou.
E agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra, seu instante de febre,
sua gula e jejum, sua biblioteca,
sua lavra de ouro, seu terno de vidro,
sua incoerência, seu ódio — e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta;
quer morrer no mar, mas o mar secou;
quer ir para Minas, Minas não há mais.
E agora, José?
Sua doce palavra, seu instante de febre,
sua gula e jejum, sua biblioteca,
sua lavra de ouro, seu terno de vidro,
sua incoerência, seu ódio — e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta;
quer morrer no mar, mas o mar secou;
quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse, se você gemesse,
se você tocasse a valsa vienense,
se você dormisse, se você cansasse,
se você morresse... Mas você não morre,
Você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia, sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope,
você marcha, José!
Se você gritasse, se você gemesse,
se você tocasse a valsa vienense,
se você dormisse, se você cansasse,
se você morresse... Mas você não morre,
Você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia, sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
~~0~~
Tim-Tim!
Carlos Drummond de Andrade
In Poesias
Ed. José Olympio, 1942
UBAV INFORMA:
Voltaremos a editar nossas matérias normalmente a partir de 15 de fevereiro.
Obrigado pela presença de vocês. Boa semana!
Tim-Tim!
In Poesias
Ed. José Olympio, 1942
UBAV INFORMA:
Voltaremos a editar nossas matérias normalmente a partir de 15 de fevereiro.
Obrigado pela presença de vocês. Boa semana!
Tim-Tim!