ABANDONANDO A NEGATIVIDADE
Autor:
José Batista de Carvalho
Toda resistência interior é vivenciada como uma negatividade.
Toda negatividade é uma resistência. Nesse contexto, as duas palavras são quase
sinônimas. A negatividade vai de uma irritação ou impaciência a uma raiva
furiosa, de um humor deprimido ou um ressentimento a um desespero suicida. Às
vezes, a resistência faz disparar o sofrimento emocional, caso em que mesmo uma
situação banal pode produzir uma negatividade intensa, como a raiva, a
depressão ou um profundo pesar.
O
ego acredita que, através da negatividade, pode manipular a realidade e
conseguir o que deseja. Acredita que, através dela, pode atrair uma
circunstância desejável ou dissolver uma indesejável. Sempre que estamos
infelizes, acreditamos inconscientemente que a infelicidade “compra” para nós o
que queremos. Se “você” – a mente – não acreditou que a infelicidade funciona,
por que a criaria? O fato é que essa negatividade não funciona. Em vez de
atrair uma circunstância desejável, ela a interrompe ao nascer. Em vez de
desfazer uma circunstância indesejável, ela a mantém no lugar. Sua única
utilidade é que ela fortalece o ego, e essa é a razão pela qual ele a adora.
Uma
vez que você tenha se identificado com alguma forma de negatividade, não vai
querer que ela desapareça e, em um nível inconsciente mais profundo, não vai
desejar uma mudança positiva. Ela iria ameaçar a sua identidade como uma pessoa
depressiva, zangada ou difícil de lidar. Você então passa a ignorar, negar ou
sabotar aquilo que é positivo em sua vida. É um fenômeno comum. E também
doentio.
A
negatividade é completamente antinatural. É um poluente psíquico e existe um
vínculo profundo entre o envenenamento e a destruição da natureza e a grande
negatividade que vem sendo acumulada na psique coletiva humana. Nenhuma outra
forma de vida no planeta conhece a negatividade, somente os seres humanos,
assim como nenhuma outra forma de vida violenta e envenena a Terra que a
sustenta. Você já viu uma flor infeliz ou um carvalho estressado? Já cruzou com
um golfinho deprimido, um sapo com problemas de autoestima, um gato que não
consegue relaxar, ou um pássaro com ódio e ressentimento? Os únicos animais que
eventualmente vivenciam alguma coisa semelhante à negatividade, ou mostram
sinais de comportamento neurótico, são os que vivem em contato íntimo com os
seres humanos e assim se ligam à mente humana e à insanidade deles.
Observe
as plantas e animais, aprenda com eles a aceitar aquilo que é. Deixe que eles
lhe ensinem o que é Ser, o que é integridade – estar em unidade, ser você
mesmo, ser verdadeiro. Aprenda como viver e como morrer, e como não fazer do
viver e do morrer um problema.
Até
mesmo os patos nos ensinam importantes lições espirituais. Observá-los é uma
meditação. Como eles flutuam em paz, de bem com eles mesmos, totalmente
presentes no Agora, dignos e perfeitos, tanto quanto uma criatura sem mente
pode ser. Eventualmente, no entanto, dois patos vão se envolver em uma briga,
algumas vezes sem nenhuma razão aparente ou porque um pato penetrou no espaço
particular do outro. A briga geralmente dura só alguns segundos e então os
patos se separam, nadam em direções opostas e batem suas asas com força, por
algumas vezes. Então continuam a nadar em paz, como se a briga nunca tivesse
acontecido. Ao bater as asas eles estavam soltando a energia acumulada,
evitando assim que ela ficasse aprisionada no corpo e se transformado em
negatividade. Isso é sabedoria natural. É fácil para eles porque não têm uma
mente para manter vivo o passado, sem necessidade, e então construir uma
identidade em volta dele.
Colaboração com o site:
Cristina Castro RJ – Uma amiga querida a quem agradecemos
muito a colaboração.