“JUNTOS de novo”
- -Texto
de Rafaela Carvalho - -
“Estou
muito orgulhosa de você.” Quem me falou isso foi minha irmã, quando eu tinha 24
anos e enfrentava, até então, o momento mais difícil da minha vida, perdi meu
avô para um infarto, tornei-me acompanhante de hospital de meu pai e o vi se separar
da minha mãe - tudo no mesmo mês.
Minha irmã,
morando no interior de São Paulo, acompanhou tudo de longe. Eu, na capital,
menti falando que daria conta de todo o peso nas minhas costas. Mas em um fim
de semana, ao visita-la, cedi ao cansaço e a frustração. Tudo parecia estar
desabando, e eu nunca havia me sentido tão só. Mas, quando ela declarou sua
admiração a mim, algo entre nós duas mudou. Para sempre.
Até então,
nunca havíamos sido exatamente próximas. Parecíamos diferentes demais para
sermos amigas: ela brincava de boneca, eu de bola; ela era cérebro, eu sou
coração; ela é fã de séries, eu de livros; ela quer casar e ter filhos, eu
quero viajar pelo mundo.
Nosso
relacionamento seguia o protocolo que a coincidência de ter os mesmos pais nos
impunha: ligar em datas comemorativas e trocar mensagens esporádicas para saber
se estava tudo bem.
Foi na dor
familiar que encontramos a intersecção que nos aproximou depois de crescidas.
Ninguém me entenderia tão bem quanto ela, e, por isso mesmo, nunca havia
conversa constrangedora demais. As diferenças cederam espaço para que as
semelhanças que floresceram. A distância geográfica parou de ser desculpa para
a falta de comunicação. Ficamos mais francas, até nas brigas. Dividimos
segredos e confissões.
Ficar amiga
da minha irmã me fez perceber como nos reaproximar das pessoas é mais fácil do
que a gente imagina: o segredo é tornar o outro um protagonista de um pedacinho
da nossa vida. Dar atenção mesmo: a relação complicada com meu pai é apaziguada
quando peço a ele que me conte as histórias da sua infância; minha avó se
emociona toda vez que eu ligo para dizer que o inverno apertou e eu tirei do
armário aquela colcha de retalhos que ela me fez; o receio inicial de rever os
primos depois de anos vai embora no minuto em que nos abraçamos e percebemos
que nossa amizade é maior que as mudanças de casa, emprego, crenças e sonhos.
Um
telefonema, uma visita, ou só mesmo uma palavra de apoio já funcionam. Para
mim, uma simples frase foi suficiente para ensinar que os ventos das relações
podem soprar para qualquer direção. Nós nunca estamos realmente afastados.
Quando quisermos, e enquanto a vida permitir, os braços daqueles que amamos sempre
estarão abertos para nós.
Nunca
vai haver um conforto maior do que a reafirmação de que sempre teremos uns aos
outros.
Rafaela Carvalho
AGRADECIMENTO:
Agradecemos a nossa querida colaboradora Luciana/RJ, pelo envio dessa bonita matéria.
Posts da web, meramente ilustrativos.
Bom fim de semana a todos!
Tim-Tim!