'Na natureza
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma', disse o ‘Pai da Química
Moderna’, o francês Antoine Lavoisier (1743/1794) e lembrando sua frase imortal
falarei um pouquinho de um tema controverso para muitas religiões, a
imortalidade e reencarnação. Existem grandes tratados médico-científicos que tratam
das experiências de post-mortem, uma delas é a reencarnação.
Não
quero nesse pequeno espaço defender essa ou aquela experiência sensitiva e sim,
basear a minha pequena tese na minha experiência pessoal com o fato.
Em
1993, no dia 20 de julho, minha querida filha, Ana Lúcia (13) e sua mãe,
faleceram. Foi um trauma terrível, que eu e minha filha Luciana (15), tivemos
que passar. A missão de pai e protetor tomava quase todo o meu tempo, mesmo
assim eu tinha que continuar a tocar a vida. Passados quase dois meses do fato
eu fui procurado no meu trabalho por uma senhorinha, que aparentava ter uns
setenta anos. Ela queria me falar e eu estava muito ocupado. Não pude de
imediato dar-lhe atenção, pois estava em atendimento, na metade de um
procedimento cirúrgico-odontológico. Pedi, então, a secretária do setor de
cirurgia, que pedisse à senhora que aguardasse uns 15 minutinhos. O tempo previsto
por mim avançou, depois de quase uma hora, após medicar a paciente e
despedir-me, fui ao encontro da senhora na sala de espera. Procurei-a, e nada.
Ela não estava mais lá. Chamei a atendente e perguntei por ela. Contou-me que
ela aguardou um bom tempo e que enquanto a atendente se ausentou
momentaneamente do ambiente, ela saiu. Estávamos quase no fim do expediente
diário.
Perguntei
se ela sabia do que se tratava. O que a senhora desejava falar comigo e ela,
disse que não sabia: - Ela queria falar com o senhor, sentou-se e aguardou um
bom tempo. Fiquei triste, mas não podia me ausentar do campo cirúrgico, por
isso pedi-lhe que esperasse pacientemente. Não foi possível.
Dirigi-me
ao vestiário e troquei-me. Peguei minha pasta e quando estava me dirigindo ao
estacionamento para pegar meu carro, a atendente passou por mim e disse: - Dr.
Cirne, eu voltei lá na sala e a senhorinha estava lá, sentada lhe aguardando. Retornei
e fui ao seu encontro. Na sala de espera apenas aquela senhora, pequena e com
um véu branco sobre a sua cabeça me aguardava. Ao vê-la, disse:
- Boa
tarde, senhora. Pois não, quer falar-me?
Ela,
tirando o véu, disse-me: - Sim. Preciso falar com o senhor. O senhor não me
conhece e nem eu conheço o senhor, mas eu conheci sua filha.
-
Sim, a Luciana. Falei.
-
Ela, antes de me responder, perguntou-me qual a minha religião, disse-lhe ser católico,
mas grande apreciador dos fundamentos espiritualistas.
Ela
sorriu e disse, só podia ser sua filha! Assim como o senhor, ela tem muita luz.
Obrigado por receber-me.
Agradeci
e disse: - É verdade, a Luciana parece muito comigo, e completei, aliás, as
duas filhas, tanto a Luciana quanto a Ana Lúcia.
Quando
falei o nome da mais nova, ela pegou o meu braço com firmeza e disse: É sobre
sua filha mais nova que desejo falar com o senhor.
- A
Ana Lúcia?
-
Sim, sobre a ‘Aninha’. Imagine doutor, que esta noite, após a minha oração das
18 horas, sua filha apareceu na minha sala. Ela chorava e me pedia ajuda para
localizá-lo e transmitir um recado. Espero que entenda que sou médium de
efeitos físicos e que esta não é a primeira vez que recebo a visita de irmãos
que estão querendo manter contato. Ela me deu seu nome e o endereço do
trabalho, disse-me que era dentista. Por isso estou aqui, para cumprir uma
missão espiritual e a vontade de sua filha.
Mesmo
sendo espiritualizado, fiquei atônito. Sentamo-nos e ela me passou uma anotação
psicografada por ela, que dizia:
-
Paizinho querido, eu sei da dor que está sentindo no momento e da importância
que você terá para a Luciana. Muitos caminhos surgirão nas suas vidas, mas a
união e o amor de vocês será a fórmula para o sucesso. Em breve, pai, você será
avô (três anos depois veio a primeira neta) e ficará mais feliz. Eu estou bem,
mas precisava falar com você, pois sei o quanto você tem sofrido com a nossa
partida. Creia, pai: estamos bem.
Mamãe
está em tratamento preparando-se para continuar a sua evolução. Eu estou bem e
talvez, em breve, retorne. Não sabemos para onde, mas pode ser que consiga
voltar para mesma família. A vida continua paizinho, só que com outros valores.
Dê um beijo na Lu e diga-lhe que sinto saudade das nossas brincadeiras.
Daqui
uns anos o senhor será importante na vida de muitas pessoas e terá grandes
amigos. Muito obrigado, paizinho, por tudo que fez por nós e por todo amor que
nos proporcionou.
Um
beijo de sua filha
Ana Lúcia
Como
não podia deixar de ser, caí em pranto, chorei muito e aquela senhorinha me
abraçou comovida. Pois a mão sobre a minha cabeça, nesse momento acalmei-me.
Peguei a cartinha e guardei comigo por muitos anos. Pedi o endereço da senhora,
mas ela disse que voltaria pra me visitar...
Nunca
mais soube qualquer notícia dela. Mostrei a carta a minha filha, que, assim
como eu, chorou, mas compreendeu que a vida é feita de etapas e que a morte não
é o fim de tudo, é apenas uma fase, uma transformação. Se fosse só uma fase
descontínua, a vida não teria a menor graça. E Deus não falha, ele faz tudo de
maneira justa e perfeita. Se tiver dúvida da dimensão e do tamanho da Obra de
Deus, olhe para o céu e contemple as estrelas, os planetas, as galáxias. Todo
Cosmos, enfim. Este é o tamanho de sua obra e estamos aqui, trocando nossas ‘cascas’,
por muitos e muitos anos, até encontrarmos o verdadeiro aprimoramento.
A
vida é um eterno aprendizado, um desdobramento químico intenso de emoções e
acontecimentos. Antoine Lavoisier, citado no início desse comentário, era um
ser de luz, que mostrou caminhos e afirmou com convicção que ‘Na natureza nada
se cria, nada se perde... Tudo se transforma!’. Quando as luzes se apagam e as
cortinas do ‘teatro da vida’ se fecham, teremos um tempo para analisar o nosso
legado de bondade ou de maldade deixado aqui. Não esteja aqui simplesmente,
faça a sua vida valer a pena. Brinde a vida e agradeça a Deus.
A
vida continua meus amigos, vamos viver com sabedoria e com orgulho de sermos
tripulantes dessa linda nave, chamada Terra... Cuidemos dela.
Tim-Tim!
Neo
Cirne
Colunista
de UBAV-BRASIL