CRÔNICA DO DIA -
RANCHO
DE AMOR A ILHA
– Por Neo Cirne
Às vezes eu fico me perguntando,
por que saí da Bahia? Uma terra que amava tanto, para vir residir em Florianópolis, no Estado de Santa Catarina. A resposta está condicionada a vários tópicos,
o primeiro deles foi o fato de residir num local maravilhoso, com uma praia de
águas quentinhas e uma faixa litorânea de mais de 12 km para as caminhadas
matinais. Morava na Praia de Ipitanga, primeira praia do Município de Lauro de
Freitas, limítrofe à cidade de Salvador.
Muitos amigos foram me visitar naquele lugar tão legal. Morava de frente pro mar, a 40 passos da areia macia de
Ipitanga. Pela manhã, o mar nos esperava para um gostoso mergulho; na hora do almoço, pelo menos três vezes por semana eu almoçava na barraca de amigos, tinha sempre uma muqueca gostosa; à tardinha,
a brisa fresca inspirava o nosso coração com um lindo por do Sol, e a noite, num deck de uma barraca, em
frente ao flat que eu morava, reverenciávamos a Lua, na época da “Lua Cheia”. Gente, era demais!
Que
brilho extraordinário tem o luar da Bahia!
Dirão vocês: Mas a Lua brilha em todos os lugares, igual para todos, não? Eu responderia: Não, não brilha não! Na região da Grande Salvador, o brilho do luar é diferente, tem uma magia especial, mais intensa e luminosa.
Por falar em luminosidade, a Cidade de Salvador é considerada pelos estudiosos em luminosidade natural e energia, a segunda cidade mais luminosa e energética do planeta.
Não me refiro a luz
artificial, neste quesito a cidade americana de Las Vegas ganha longe de qualquer outra.
Falo da intensidade luminosa natural e vibração energética. Salvador é uma cidade
diferente, harmônica, cosmopolita, integrada à todas culturas religiosas,
gastronômicas e sociais. Cidade dos contrastes, onde a pobreza vive em harmonia
com a riqueza. Cidade onde não existe mais a intolerância racial, que existia há muitos anos atrás, local onde todos vivem em
paz, oram e cantam juntos. Naturalmente, até que nos habituemos ao jeitinho baiano de viver, leva um
tempinho... O baiano é mais lento no jeito de falar, mas muito mais eficiente
no jeito de seduzir com sua culinária, tradição e cores. Salve a Bahia!
Então, voltamos à
pergunta original desta crônica: Por que saí de Ipitanga? Saí de lá, porque um grupo de representantes da lei, digamos assim, derrubou as 23 barracas
existentes no local. As barracas de Ipitanga eram diferentes das barracas da orla de Salvador... Elas eram lindas, alegres e aconchegantes!
Pois é, derrubaram o deck que tanto reverenciamos a Lua, local onde compus algumas canções e brindei com meu amor um luar maravilhoso. Lá brindei a vida e dei graça de estar vivo... A vida sempre merece um brinde!
Eu tinha um amigo português, Paulo, super gente boa, que era dono da barraca em frente a minha casa, ele era casado e tinha um filhinho. Ele esteve diretamente envolvido com o movimento contra a derrubada das barracas. Esta violência contra os barraqueiros aconteceu logo após o Paulo ter feito um investimento muito grande na reforma do seu espaço comercial. Paulo e mais um grupo de barraqueiros de Ipitanga tentou conter o avanço das tropas federais, com um recurso judicial, já que as autoridades cumpriam um mandato da Justiça Federal, que visava a completa destruição das barracas.
Este movimento todo era para cumprir uma lei que o governo do PT usou para tornar a orla de Salvador mais bonita, com barraquinhas mais limpas e organizadas. "O foco era ter uma orla mais bonita em todas as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014". Em princípio, era até uma atitude louvável, pois as barraquinhas de Salvador eram realmente feias, um lixo. Só que as barracas em lide eram de IPITANGA E, EM CONSEQUÊNCIA, pertenciam a uma cidade QUE NÃO ABRIGARÁ A COPA DO MUNDO 2014. O evento ocorrerá somente em SALVADOR, esta sim será a Cidade-Sede do evento. Um erro lamentável que comoveu todos os moradores da região da orla de Ipitanga.
Apesar do recurso para que esta violência não se consumasse, o “meritíssimo juiz” não acatou o recurso e, sentenciando a favor da derrubada de todas as barracas. Vinte e três foram ao chão, de maneira violenta e cruel.
O deck que eu gostava tanto, de grandes lembranças, agora só existe no imaginário dos meus amigos que me deram o prazer de suas presenças e na saudade de todos nós.
Pois é, derrubaram o deck que tanto reverenciamos a Lua, local onde compus algumas canções e brindei com meu amor um luar maravilhoso. Lá brindei a vida e dei graça de estar vivo... A vida sempre merece um brinde!
Eu tinha um amigo português, Paulo, super gente boa, que era dono da barraca em frente a minha casa, ele era casado e tinha um filhinho. Ele esteve diretamente envolvido com o movimento contra a derrubada das barracas. Esta violência contra os barraqueiros aconteceu logo após o Paulo ter feito um investimento muito grande na reforma do seu espaço comercial. Paulo e mais um grupo de barraqueiros de Ipitanga tentou conter o avanço das tropas federais, com um recurso judicial, já que as autoridades cumpriam um mandato da Justiça Federal, que visava a completa destruição das barracas.
Este movimento todo era para cumprir uma lei que o governo do PT usou para tornar a orla de Salvador mais bonita, com barraquinhas mais limpas e organizadas. "O foco era ter uma orla mais bonita em todas as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014". Em princípio, era até uma atitude louvável, pois as barraquinhas de Salvador eram realmente feias, um lixo. Só que as barracas em lide eram de IPITANGA E, EM CONSEQUÊNCIA, pertenciam a uma cidade QUE NÃO ABRIGARÁ A COPA DO MUNDO 2014. O evento ocorrerá somente em SALVADOR, esta sim será a Cidade-Sede do evento. Um erro lamentável que comoveu todos os moradores da região da orla de Ipitanga.
Apesar do recurso para que esta violência não se consumasse, o “meritíssimo juiz” não acatou o recurso e, sentenciando a favor da derrubada de todas as barracas. Vinte e três foram ao chão, de maneira violenta e cruel.
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ESTE ERA O ANTIGO DECK DE TANTAS RECORDAÇÕES |
Do meio do lixo dos
escombros surgiram ratos e baratas que invadiram meu condomínio e pra tornar
mais crítica a situação, meu amigo, o Paulo, dono da barraca em frente a minha casa, se
suicidou. Tragédia total!
O prazer que eu tinha, de
entrar em casa ao chegar da rua, transformou-se em tristeza. Deprimido eu passava os fins de
semana agoniado e minha saúde acabou enfraquecendo um pouco. Não via, a curto prazo, uma solução para sair daquela situação emocional crítica.
Até que uma amiga muito
querida, a catarinense Cida Rosso, me perguntou: Já que não está feliz aí, por que não muda de cidade? Onde é que você
ainda não morou?
Sorri e respondi-lhe que só não havia morado no Sul do país, ela então, contatou uns amigos que possibilitaram a minha ida para Florianópolis. Perguntou-me se eu topava a mudança. Disse-lhe que sim, pois conhecia a cidade, de maneira superficial, já que havia realizado uma ação social em São José, cidade vizinha. Topei e vim em busca desta terra linda e acolhedora.
Fiquei triste em partir, confesso, mas deixei a minha saudade de lado, e sem olhar pra trás, mais uma vez, com esperança no coração de encontrar um lugar legal para viver, aportei na Ilha de Santa Catarina, também chamada de Florianópolis.
Que cidade fantástica! Tão bonita como Salvador, mas bem mais homogênea e sem tantos contrastes. Acho que ela é mais tradicional devido á colonização portuguesa, italiana e alemã. É a terceira cidade brasileira com o maior índice de desenvolvimento humano (IDH). Uma cidade igualmente luminosa, possuidora de um belo luar também e que tem cerca de 500.000 habitantes nos períodos normais. Na alta temporada alcança até 1500.000 habitantes.
Sorri e respondi-lhe que só não havia morado no Sul do país, ela então, contatou uns amigos que possibilitaram a minha ida para Florianópolis. Perguntou-me se eu topava a mudança. Disse-lhe que sim, pois conhecia a cidade, de maneira superficial, já que havia realizado uma ação social em São José, cidade vizinha. Topei e vim em busca desta terra linda e acolhedora.
Fiquei triste em partir, confesso, mas deixei a minha saudade de lado, e sem olhar pra trás, mais uma vez, com esperança no coração de encontrar um lugar legal para viver, aportei na Ilha de Santa Catarina, também chamada de Florianópolis.
Que cidade fantástica! Tão bonita como Salvador, mas bem mais homogênea e sem tantos contrastes. Acho que ela é mais tradicional devido á colonização portuguesa, italiana e alemã. É a terceira cidade brasileira com o maior índice de desenvolvimento humano (IDH). Uma cidade igualmente luminosa, possuidora de um belo luar também e que tem cerca de 500.000 habitantes nos períodos normais. Na alta temporada alcança até 1500.000 habitantes.
O Florianopolitano é amigo
como o mineiro, hospitaleiro como o baiano, alegre como o carioca e doce como
os nordestinos... Enfim, Floripa é uma cidade total. Cercada, na sua parte continental,
pelos municípios de São José, Biguaçú e Palhoça. Vale a pena conhecer!
Realmente é uma terra
mágica, mística e cercada de lendas açorianas. Ela é uma festa de bom gosto e prazer. Muitos passeios gostosos esperam os
visitantes. As suas praias são deliciosas, o passeio no parque municipal é bem agradável, a Lagoa da Conceição, o prazer de, misturados com os pescadores, todos poderem participar da tradicional pesca da
Tainha e muito mais.
Acho que o símbolo da cidade é uma velha figueira, localizada na praça próxima do mercado municipal... É uma cidade para todos os gostos!
Acho que o símbolo da cidade é uma velha figueira, localizada na praça próxima do mercado municipal... É uma cidade para todos os gostos!
Como gosto de música,
procurei ouvir com carinho uma canção que se transformou em hino desta linda
cidade. Na letra da canção um doce passeio pelos encantos e quatro cantos da
Ilha da Magia. Realmente, esta música é uma declaração de amor feita a esta
linda cidade, que tenho o prazer de dizer que aprendi a amar, nestes quase três anos... Assim, como
amei Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Ponta Porã, Porto Velho, Resende e outros locais, posso falar que, mesmo que vá embora desta cidade, deixarei um pouco do
meu amor aqui, neste “pedacinho de terra, perdido no mar”.
Apresento, com muito
prazer a canção “RANCHO DE AMOR A ILHA”, de autoria de Claudio Alvim Barbosa
(Zininho), transformada em hino da cidade de Florianópolis em 1968.
Outro dia, olhando o mar de um lindo lugarejo da ilha, chamado Santo Antônio de Lisboa, pude ver, como é belo este nosso país. Que visual! Parabéns moradores da Ilha de Santa Catarina – também conhecida, mesmo a contragosto dos habitantes mais antigos, por Florianópolis.