"CALEIDOSCÓPIO ESPECIAL"
Título: Das duas uma
Por Lívia Gussen
Acho que a vida de "concurseira" pode ser uma afronta à criatividade. Desde que me afundei um pouco mais no
dificílimo propósito de gastar horas do dia estudando, não tenho visto muitas
coisas e o que tenho visto não me inspira estórias. De duas uma: ou a
burocracia já se inicia por aqui ou minha fonte secou!
Acontece que hoje senti saudades
de escrever. Não tenho nada pra contar, não tenho inspiração, estou escrevendo
à medida que os pensamentos me vêm à cabeça. Não é brainstorming, é só birra de escrever (mesmo que seja escrever por
escrever, pra mim tanto faz, o azar é de quem ler!).
Há algo nada glamoroso, mas muito
atraente nos bastidores de um blog. Pouca coisa me dá mais satisfação do que
polir e repolir o texto primitivo, encher o saco dele e publicá-lo mesmo
sabendo que, com certeza, tem mais erros despercebidos por entre as linhas. Aí
começa a mágica: 1 comenta, 3 leem, mais 5 leem, 7 curtem... quem está de fora
não tem noção do furor emocional que um gráfico de estatísticas de visualização
em ascendência pode causar! É disso que tenho saudade. E os acessos
internacionais então?! Que sensação maravilhosa saber que alguém te clicou em
Israel! Provavelmente são cliques errados de gringos distraídos, mas me enchem
de pseudo-orgulho mesmo assim. Confesso que meu fim da picada foi ter acessado
inúmeras vezes o Caso Crônico quando
fui para o Uruguai só pra que constasse mais um país na minha listinha de
“países que te visualizaram”. Doidices de quem escreve.
Numa tentativa de sanar o
engessamento criativo da vida concursal, criei um blog sobre isso, mas ele era
tão chato que não me animei mais a encará-lo. Está semimorto lá, infrutífero, sobrevivendo
apenas da minha esperança em achar graça na rotina. Mas, para que fique claro, estarei
sendo injusta se passar a ideia de que não há alegria na vida de quem estuda
pra concurso público. Mamar nas tetas do governo é incentivo para muitos, mas
eu realmente gosto de aprender coisas novas e, como tudo o que tenho visto é
novo, acabo me instigando; só pentelha a dificuldade absurda que tenho em me
disciplinar - marca indelével dos anos de livin’
la vida loca-tropical-pobre-brasileira.
Comunico: vou bancar o velho
aposentado e gastar algumas horas sentada na praça. Jogarei até xadrez se preciso
for, tudo pra ver se, saindo das minhas quatro paredes, algo me atiça. Se outra
crônica aparecer aqui em breve é sinal de que fui bem sucedida e que o período de
seca deveu-se exclusivamente à sem-graceza dos últimos tempos, senão decreto-me
em estágio criativo terminal.
Pipoca com queijinho, caneta,
AÇÃO!
Lívia Gussen é formada em Letras e em Publicidade. Reside na Cidade de Cruzeiro/SP. Já passou pela Psicologia para se encontrar profissionalmente e, sem ter encontrado uma paixão profissional, hoje estuda para concurso público.
No entanto, costuma dizer que sua maior paixão é viver e escrever sobre a vida - o que pode ser visto na nossa coluna Caleidoscópio e no seu blog de crônicas, o Caso Crônico.
Esta foi a crônica de aquecimento
de Lívia Gussen, minha querida amiga Livinha como gosto de chamá-la. Ela agora é nossa
colunista de plantão, quem sabe ela volte e a inspiração retorne para escrever regularmente o seu Caleidoscópio. Está provado que mesmo sem inspiração ela consegue manter fixa a nossa atenção no texto. Desta vez ela nos brindou com mais um comentário de seu momento atual, "sua
dúvida excessiva, but happy". Sim, muito feliz!
Descontraída, meio debochada consigo própria, transforma a inconstância dos seus momentos num texto leve e agradável. Mantendo-se firme
no propósito de conjugar e saborear todas as emoções, como estudar, passear, passar
no concurso ou adquirir um pouco de experiência com os idosos jogando xadrez na
praça... Gostei desta visão.
Eu, particularmente, gostei muito mesmo.
E confesso que gostei mais ainda quando se reportou a agonia de quem mantém um
site no ar, escreve textos e fica na expectativa dos acessos. Passo pela mesma
situação, mesmo caminhando para o 3º ano de fundação do site e para o 9º ano deste projeto social.
A emoção dos cliques é imensa e observar os amigos curtindo as matérias é um momento muito bom. Significa a valorização e reconhecimento do nosso trabalho.
Vejo a Livinha, como uma
cronista maravilhosa, que coloca suas palavras com total liberdade e capacidade
descritiva, como na sua inesquecível matéria Casa da vó, crônica publicada em 15 de Janeiro
deste ano. Sem dúvida, a sua inspiração retornará totalmente, assim como o Sol
marca conosco, diariamente, um encontro permanente trazendo luz e vida aos nossos dias.
Suas crônicas, Lívia, assim como
o Sol irreverente, acrescentam um rubro sorriso no rosto de quem aprecia o
ritmo de suas palavras... Esta sua onda cinzenta de indefinição passará. Sua
alegria será ainda mais contagiante do que já é. Ali na frente o futuro está
sentado, aguardando a sua aprovação no concurso ou que, pelo menos você ganhe
dos velhinhos na partida de xadrez.
Nas peças do jogo de xadrez tem um Rei, e a "palavra de Rei
não volta atrás", como dizem quando querem fazer uma
afirmação. Assim como eles eu quero afirmar e deixar claro que: como
aposentado, estou na fila para jogar uma partidinha de xadrez com você na praça, a próxima vez que for à cidade de Cruzeiro, topa?
Agora ficou estabelecida uma nova questão:
Das duas uma:
“Ganhar dos velhinhos não é vantagem, é? Mas, perder
pros velhinhos... Nossa! É um vexame! Melhor do que jogar com os idosos será
jogar milho aos pombos, estudar e aguardar pacientemente o sucesso dos seus sonhos... É mais seguro!”.
Com saudade de suas crônicas Livinha, pra você, o nosso
TIM-TIM!
Neo Cirne
Fundador de UBAV-BRASIL