A CRÔNICA DO DIA
Olá amigos, estamos lançando um novo espaço
experimental, para levar até vocês uma crônica bem interessante. Nela poderemos
observar os traços mais marcantes do autor. Será uma série de 10 crônicas,
postadas as segundas, quartas e sextas-feiras. Havendo resposta de vocês elas permanecerão, caso contrário mudamos de assunto...
Hoje, postamos uma crônica de Arthur da Távola, a quem homenageamos.
AMIZADE
Ah,
esse fenômeno instigante, o das amizades que se mantêm independentes da
convivência.
Será
amizade?
Será
saudade comum dos anos vividos em amizade? Será saudade dos anos felizes ou uma
afinidade que se espraia no tempo? Não sei responder.
Sei
que com algumas pessoas (poucas), há uma insistência teimosa em desejar ver,
trocar ideias e experiências, creio, pela certeza da reciprocidade e do
"ser aceito".
Sim,
talvez seja a certeza de ser aceito, uma das maiores necessidades humanas neste
mundo de incompreensões. Talvez seja a necessidade da existência de certeza
prévia de acolhimento ao que somos, como somos e ao que pensamos, o fermento da
amizade.
O
mistério da amizade talvez resida no alívio que traz a existência de alguém que
nos acolha.
Digo
acolha e, não, recolha - aí já seria dependência de um lado e paternalismo do
outro. Acolher significa receber de bom grado, previamente, sem julgamentos ou
resistências.
É
molesto o fato de que os seres humanos vivam a julgar e que suas opiniões
prévias interponham barreiras na comunicação, dificultando-a.
O
mistério da afinidade consiste na inexistência das resistências ao outro, mesmo
quando haja discordância. Isso não deriva apenas de afeto.
Quantas
vezes há afeto entre as pessoas sem, porém, a aceitação natural, espontânea e
prévia?
Verifique
nas amizades tidas e vividas ao longo da vida, o que delas restou. Haverá muita
vivência, boa e má. Raramente, porém, restará a amizade...
Com
os anos, vão se tornando escassas as amizades que atravessaram o terreno íntimo
que lhes é próprio sem arranhões e sem mágoas, restando, como fruto, após
ingentes experiências humanas e existenciais, apenas (e já é tanto...) a
amizade.
Amizade
é o que resta da amizade. Se o que resta de uma amizade é amizade, então
amizade é. Da
verdadeira!
Tim-Tim!
(Artur da Távola)
Advogado - Jornalista - Radialista -
Escritor - Político - Professor